Ao aniversário do grande JOÃO GILBERTO
É estranho, Bossa Nova parece que não vai envelhecer.
Passou muito tempo mas ainda nova ", um amigo me disse.
Achei que tem razão, pois outras músicas tem fases de se tornar populares e obsoletas ou mudam o estilo com o tempo.
Mas Bossa Nova que nasceu no Brasil tem 60 anos ainda é tocada no dia a
dia e não mudou muito.
Sobre a origem da Bossa Nova, há várias teorias importantes e muitos nomes famosos envolvidos.
E há muitas histórias interessantes desses grandes artistas.
Mas sem ele todas as histórias poderiam ter sido desperdiçadas... João Gilberto.
O sucesso de "Chega de Saudade”, gravado com sua voz e violão,
e lançado em 1958 dá um choque suficiente para mudar o fluxo da cena musical naquele momento.
O violão, com ritmo leve de samba, harmonia moderna, e a voz macia e calma. Desde então, surgiram imitações no mundo inteiro,
mas a maioria delas são superficiais.
O mundo de João é diferente.
É uma arte criada pela paixão do gênio que busca pela perfeição.
O mundo do som dele é mínimo, mas também vasto,
expressa todos os elementos preciosos apenas com voz e violão.
A impressão continua a mesma, seja solo ou com orquestra.
No mundo dele, o tempo passa diferente dos fluxos da realidade,
e envolve o ouvinte em um espaço de paz.
Mas é diferente da chamada "música de cura”.
O mundo dele não é apenas a calma, tem o groove profundo criado pela coexistência da quietude e movimento, tensão e relaxamento.
Tem até mesmo um mistério oriental, chamado de ZEN do som.
O que eu presto atenção é a espessura do som, que é dada pelo polegar que toca as cordas graves do violão com o senso certo de tempo.
O som de baixo, rico e alongado, suporta como uma onda o mundo do som.
Daí, as harmonias do violão e da voz se movem livremente feito uma dança, em cima do som do baixo.
Muitas vezes ouvi que quem inventou a interpretação que transferiu o padrão de vários instrumentos de percussão para o violão foi João,
mas uma versão similar já existia antes dele.
No entanto, foi o samba de João que tornou-se o groove mais proeminente ao omitir sons inúteis.
Muita gente diz que ele está fazendo uma coisa difícil.
Mas se escrevesse na partitura, é surpreendentemente fácil.
Eu acho que coisas como tons ricos e grooves profundos, fazem o mundo do som especial.
A voz que é dita sussurrante.
Muitos daqueles que tentam cantar em estilo bossa nova caem numa armadilha.
Se sussurrar, a voz não vai ser clara e perde movimento.
A voz de João parece suave, mas também é muito clara.
Som com uma sensação de velocidade, dá movimento na suavidade.
E na história que ele expressa, há sempre o sentido de SAUDADE que atinge o coração de qualquer pessoa.
João visitou o Japão três vezes nos anos 2000.
A apresentação dele, com 70 de idade, foi suprema.
Eu fui ao seu primeiro concerto no Japão.
Antes disso, o tinha assistido em 78, em São Paulo.
Duas vezes. Acho que vivenciar ao vivo foi uma coisa feliz.
Cerca de 20 anos atrás, tive muitas oportunidades de compartilhar trabalhos com o poeta francês Pierre Barouh, famoso pelo filme "Homem e Mulher".
Ele é uma pessoa que percebeu o apelo da música brasileira e logo a introduziu para o mundo.
Ele teve um pensamento especial para a Bossa Nova, e me dizia sempre:
"A BOSSA NOVA é a arte suprema, que somente João Gilberto poderia criar. Se ele for embora, levará isso junto com ele”.
Em 7/6 de 2019, João morreu em sua casa do Rio.
Como Pierre disse, a Bossa Nova verdadeira foi embora com João
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